Em 2005, com minha família já aposentada, fiquei sabendo que havia uma única vaga disponível para trabalhar no Consulado da Itália na Sede de São Paulo e me candidatei. Após ser aprovado nas três provas a que fui submetido, comecei a trabalhar no Consulado, dando continuidade a uma história que se misturava com a minha. Foi maravilhoso poder vivenciar novamente o ambiente em que cresci. Melhor ainda poder honrar nosso sobrenome DI GIAIMO no ambiente consular, trabalhando com ex-colegas de minha tia e de meu tio. Foi um período de muito trabalho. Muito aprendizado. Imersão extrema nas práticas consulares. Acabei por participar de um divisor de águas dentro do Consulado Italiano, migrando da burocracia totalmente em papel da Av. Higienópolis, para uma fase digital, no novo prédio da Av. Paulista. Era apaixonante fazer parte de tudo aquilo.
 

Por muitas vezes eu era assediado por amigos que precisavam de ajuda para fazer aquilo ou aquilo outro, pedindo para que eu os auxiliasse mas obviamente como funcionário do Consulado eu nada poderia fazer por eles senão explicar-lhes o passo a passo do que deveria ser feito.
 

Também atendi pessoas de extrema representatividade no âmbito nacional e internacional, que precisavam de informações simples, para atender a necessidades básicas, mas notei que não existia internamente uma preocupação ou comprometimento de solucionar o problema alheio.
 

O divisor de águas ocorreu quando atendi a uma pessoa que pelo peso da voz percebia-se ser uma pessoa de muita idade. Além disso, esta pessoa era somente italiana e não tinha habilidade com computadores. Não conseguindo resolver nada que precisava, ele me confidenciou que até sua família já estava desistindo de ter a Cidadania Italiana reconhecida e que seu problema era tão simples de resolver que fiquei envergonhado e assim decidi ajuda-lo. Compadecido daquele senhor, como um amigo, fora do meu turno de trabalho, fui encontra-lo. Peguei seu passaporte que ainda era válido, paguei uma tarifa consular junto ao banco chamada “taxa governativa” e o setor deu através de um simples carimbo a revalidação em seu passaporte de que tanto precisava. 
 

No dia seguinte, fui novamente encontrar o meu novo amigo para entregar-lhe o passaporte e ele, muito contente, queria porque queria pagar pela cortesia que eu lhe havia feito.
Aquele senhor insistiu tanto para eu aceitar o pagamento que a certa altura, não tive outra escolha senão lhe dizer:
 

Meu caro senhor, vamos fazer o seguinte, quando eu sair do Consulado e abrir minha empresa de Consultoria, eu lhe aviso, o senhor me contrata, eu trabalho para o senhor e o senhor me paga.

 

Pode ser assim? 
 

E assim, finalmente ele desistiu de me pagar e eu... ora, eu saí do Consulado e então criei a Consultoria dAaZ em Serviços Consulares, para atender a todas as pessoas que como aquele senhor, não tinham condições de resolver seus problemas junto ao Consulado, não sabiam sequer por onde começar, e eu, peguei toda a expertise que juntei ao longo daquele período e passei a ajudar as pessoas que precisavam de ajuda, porém de uma forma profissional.